MALIK AL-SHABAZZ
MALIK AL-SHABAZZ, paulista, filósofo e escritor. Pseudônimo de ALBERTO ALVES PEREIRA. Publicações: Histórias prematuras de um prematuro e O livro do último dia, com a poetisa Vania Clares. Participou, também, de algumas antologias. Atuante em projetos culturais e ONGs.
HISTÓRIAS PREMATURAS
DE UM PREMATURO
26/11/2019
Ao conhecer o filósofo Alberto, me veio na lembrança um poema que está no meu livro Por trás do vidro fosco, chamado Ao outro que está em mim, onde digo: E não me negarei ao socorro para o que é sombra e já está em mim. Então levito ressurgida quando me estendes a mão e te ofereço minhas flores. Dispensarás tua máscara. Aí então te reconhecerei.
Num primeiro momento, percebe-se a máscara adotada pelo autor, a que ele e muitos se obrigam a usar às vezes, por força de acontecimentos em suas vidas e também por defesa aos ataques ou acusações.
Pediu-me até com humildade, para que eu lesse seus poemas, com uma tênue e quase intenção de publicar ou simplesmente mostra-los a alguém. Depois de trocarmos muitas mensagens surgiu uma parceria e identificação sem parâmetros, está provada no livro que escrevemos O Livro do Último Dia.
Ao me apresentar o Histórias Prematuras de um Prematuro, já na primeira leitura, senti se erguer a vontade e a soberania de um ser, esse que eu sempre soube existir sob a máscara. Reconheço assim, um poeta pronto, maduro, denso, intenso. Este livro traz poemas ricos, onde tudo se percebe lançado nas entrelinhas, nos vãos das palavras: a dor, a conformidade, a sombra, o desespero, mas também a fé, a esperança e o desejo de ser melhor.
Com muito orgulho apresento este trabalho e virão outros, eu sei. Os poetas são possuidores de fontes inesgotáveis de pensamentos e palavras e Alberto cumprirá a sua sina deixando aqui sua marca.
Vania Clares
Despindo-se por meio das palavras
Esta é mais uma obra lançada pelos escritores Vania Clares e Malik Al-Shabazz, com uma história intensa, que seduzirá o leitor para o universo de dois amantes.
E quem de nós nunca se viu envolvido por um sentimento que quanto mais se reparte, mais se unifica? Que quanto mais se aproxima, mais nos distancia? É, o amor... Sim, “O livro do último dia” é uma história de amor; entretanto, não é conduzida como a maioria das histórias que estamos acostumados a consumir. O amor é narrado pelos autores como pano de fundo para que possamos ter o prazer de nos depararmos com a essência das personagens, que usam as palavras para se despir. As palavras pulsam entre sentimento e ressignificação, fazendo com que o leitor divague entre o tangível e o inatingível.
Que felizes as escolhas dessas palavras! Valho-me da afirmação foucaultiana de que um autor transforma pela escrita, pelas escolhas de palavras certas, a coisa vista ou ouvida em forças e sangue. Penso que não basta somente a palavra grafada. O sangue de quem a escreve deve estar amalgamado nos sentidos que a ela são dados. Os escritores alcançam esse estágio foucaultiano de autores e se alcançam a cada mudança de voz: quem é um ou quem é outro já não importa... sentimento repartido é também sentimento unificado.
Da parte de nós, leitores, proponho que ao virar de cada página desta obra, ao iniciar cada um dos seus treze capítulos, todos possamos ser capazes nos permitir experimentar o amor como um novo ato, poético, filosófico e sublime. Deleitem-se e descubram-se com a leitura!
São Paulo, ao final de uma noite de primavera.
Márcia Lupia